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"As vezes falta rumo e sobra perna, o jeito é andar".

sábado, 24 de novembro de 2012





"Ela quer saber o que fazer pra parar a dor. Eu não sei. Sei que a mesma chuva que alaga é a que fertiliza poemas, que desata os choros, que prolonga aquele encontro ou o impede. A mesma chuva que me torna introspectiva e preguiçosa é a que
 enche minhas pétalas de gotinhas tão perfeitas que nutre uma sede absurda que nasci tendo. E quando faz sol, eu me amplio toda e fico ali, crestando, me retorcendo de prazer ouvindo aquele barulhinho delicado e sutil da umidade se ausentando. E deixo, deixo mesmo que a luz entre e transborde o meu solzinho interno, aquele do meu plexo perto do coração, pra que meu olhar se encha de faisquinhas de vida novamente, de mais fome de tudo. Quando dói em mim, eu deixo. Deixo doer até a última gotinha de água salgada. Depois ela se vai. A dor não quer outra coisa que não seja exercer sua função: doer. E não é banalizando, embotando as emoções que ela vai deixar de surgir de tempos em tempos. Não sei como dói em você, mas por saber como dói a minha dor eu imagino a sua: de tão abstrata incomoda fisicamente, de tão ignorada ela se humaniza...em nós. No que eram laços. Deixe doer o que for honesto. Deixe alagar seus olhos de chuva, escorrer pelo seu rosto e traçar caminhos sinuosos ou retas perfeitas como fazem os rios. A dor só quer te lembrar que há vida naquilo que você rejeitou porque compunha um outro extremo do que imaginamos ser a felicidade. Ela quer que você adquira sabedoria experimentando a totalidade... 

(Acho que o que mais dói na dor, é porque ela nos deixa tristes)." 

(Marla de Queiroz)

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